A Doença de Parkinson se caracteriza por uma tríade: Rigidez, tremor e bradicinesia, que são movimentos lentificados. Seu nome vem do médico que a descreveu, James Parkinson, em um texto publicado em 11 de abril de 1817. Na ocasião, ele a batizou de Paralisia Agitante. Por isso 11 de abril é considerado o Dia Mundial de Combate ao Mal de Parkinson.
E para esclarecer as dúvidas sobre esse assunto de extrema importância, conversamos com nosso geriatra Dr. Davis Taublib.
Aproximadamente quantas pessoas no Brasil sofrem desse mal? E quais as faixas etárias acometidas?
Segundo a Organização Mundial de Saúde, 1% da população mundial com mais de 65 anos tem Parkinson. Estima-se que no Brasil há cerca de 200.000 pacientes com a doença. A grande maioria com mais de 60 anos.
Quais as causas e fatores de riscos da doença?
Existe muita pesquisa em torno disso. Há o fator genético e ainda intoxicações por contato com substâncias químicas – como os medicamentos – que prejudicam o organismo e que podem provocar a destruição de áreas específicas do cérebro e ocasionar a doença, além de traumas de repetição como na síndrome do pugilista. Pode ser reversível quando causado por algumas medicações, mas a maioria dos casos é de causas indeterminadas. Cai no grupo das doenças neurodegenerativas (doenças em que ocorre a destruição progressiva e irreversível dos neurônios).
Como prevenir?
Devemos sempre estar atentos às causas reversíveis, porém, infelizmente, ainda não temos nada comprovado para a maioria dos casos que possamos prevenir.
É possível manter as atividades diárias com o Mal de Parkinson?
A doença possui vários estágios. Nos níveis iniciais e moderados as funções motora e mental possibilitam manter as atividades, mas à medida que avança, há um comprometimento progressivo.
Os estágios dessa doença se agravam rapidamente?
A velocidade de progressão varia muito. O tratamento pode influenciar, assim como os recursos terapêuticos não medicamentosos, como por exemplo a fisioterapia.
Quais os principais sintomas e dificuldades do dia a dia?
Varia de pessoa para pessoa. Por exemplo, uma senhora que socialmente joga cartas frequentemente, o tremor por menor que seja vai prejudicá-la. Não é apenas o tipo de manifestação, mas os hábitos do indivíduo define o impacto na qualidade de vida. A rigidez e a lentidão nos movimentos podem impactar na capacidade física e desportiva, tanto nas tarefas domesticas como na vida social. Pode ainda ocorrer declínio mental e demência, causando grave impacto no dia a dia da pessoa e da família. E ainda distúrbios de deglutição podem surgir levando a pneumonias de repetição e desnutrição.
O Parkinson pode ser confundido com outras doenças?
Sim. Várias doenças geram sintomas parkinsonianos, porém não se trata de Doença de Parkinson. O maior exemplo é o parkinsonismo medicamentoso (quando um medicamento causa esse efeito), no caso de doenças psiquiátricas e também distúrbios de labirintite.
O Mal de Parkinson tem cura ou algum tratamento recomendado?
Infelizmente não tem cura a não ser que seja em um dos casos acima. Existem medicações clássicas como a levodopa associada a benserazida, e mais recentes como a rasagilina, assim como o pramipexol e similares, mas o mais antigo e mais efetivo continua sendo a levodopa. Há ainda indicações específicas para cirurgia, mas apenas em casos mais graves em que já não há resposta terapêutica ou quando as medicações apresentam graves flutuações de resposta com impacto na qualidade de vida ou com graves efeitos colaterais.
Existe alguma alteração de expectativa de vida para os portadores da doença?
Sim. À medida que a doença avança, a qualidade vida diminui assim como aumenta o índice de óbitos em decorrência da doença.
Como e por quais profissionais é feito o diagnóstico?
O diagnóstico é clinico. Ainda não existe nenhum exame complementar para a confirmação da doença. O ideal seria que na prática da medicina de família a doença seja detectada e o paciente, dependendo do estágio e da demanda de decisões terapêuticas, seja encaminhado para serviços específicos como neurologia, geriatria e psiquiatria.
Quais os principais cuidados que temos com os moradores de nosso lar que sofrem dessa doença?
Vai depender do estágio. Estamos sempre atentos às demandas individuais. Por exemplo, um paciente que toca um instrumento musical e perde essa capacidade necessita de suporte psicológico para lidar com a situação. Observamos se há instabilidade postural e risco de queda, problemas com a deglutição. Enfim, o cuidado é individualizado.
Você acredita que os parkinsonianos sofrem preconceito?
Quanto mais esclarecida a sociedade, menor o preconceito. E isso vale para qualquer preconceito!
O que você diria para as famílias e portadores do Mal de Parkinson?
Saber lidar com a doença é acima de tudo obter informações, aprender a lidar com a evolução da doença detectando as mudanças físicas, emocionais e psíquicas da mesma. Obviamente quanto maior e melhor acesso do paciente e da família a equipes multi e interdisciplinares, melhor a abordagem para a família e ao paciente.