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Entrevista com a nossa moradora D. Dinah

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O nosso bate papo de hoje foi com a D. Dinah Glat Zagury, residente do Froien Farain, atual Lar Bem Estar de Cuidado ao Idoso, desde 14 de janeiro de 2016. Aos 83 anos, é uma mulher forte, muito simpática e que, além de adorar morar no lar, também faz um trabalho voluntário por aqui.

D. Dinah morava no mesmo prédio da irmã e cuidava dela. Com dificuldades físicas, não estava mais conseguindo ampará-la em todas as necessidades. Sua irmã foi então para São Paulo ser cuidada pela filha e D. Dinah ficou sozinha aqui no Rio sentindo a necessidade de buscar um local para ficar. Já passou por 12 cirurgias e se sentiu muito “perdida” devido às dores. Hoje se sente muito bem cuidada e amparada aqui no Bem Estar por toda a equipe.

D. Dinah conta que ao se tornar residente encontrou uma “deusa” dentro do lar, a psicóloga Lilian Nigri Moszkowicz, que evitou que sua cabeça virasse do avesso: “com ela consegui melhorar consideravelmente meu humor, meus medos, minhas ansiedades”. Elogia também o médico geriatra Dr. Davis Taublib que acompanha de perto as suas dores receitando, sempre que necessário, um medicamento para aliviar.

Sempre foi muito ativa. Desde que se mudou para o Lar, pede para sua cuidadora acompanhá-la em caminhadas pelo bairro. Além disso, como gosta muito de ler, passa um bom tempo entretida com os livros. D. Dinah lembra que a fisioterapeuta, Andrea Lam Borer, não deixa faltar uma boa história para entretê-la, trazendo sempre novos livros. Quando D. Dinah acaba de ler já passa o livro adiante para as amigas do lar. Como um círculo de livros.

Além disso, antes da Covid, sua sobrinha vinha visitá-la constantemente, mas desde o início da pandemia isso se tornou mais difícil. “Havia muito mais atividades na casa e durante esse período novamente voltei a me sentir ansiosa e a buscar alternativas para manter a mente ativa. Afinal, cabeça vazia é oficina do diabo”, lembra. Como uma das ideias para compensar a redução no número de atividades, ela e a cuidadora Tathiana, ao lado de mais dois moradores, incentivados pela Advá Griner (gestora técnica do Lar Bem Estar), se juntaram em uma sala para jogar cartas e dominó, pelo menos uma hora por semana.

Ainda assim era pouco. D. Dinah sempre trabalhou fora: “trabalhava na diretoria da Souza Cruz. Trabalhei lá por 27 anos. Quando me aposentei, aos 60 anos, estava relativamente bem. Morava na Glória e caminhava do Aeroporto Santos Dumont até Botafogo. Esses exercícios que sempre gostei de fazer é que proporcionaram a minha força de vontade de me manter sempre ativa. Como eu sempre trabalhei, eu estava muito agoniada e então decidi perguntar a Advá se não havia a possibilidade de ter alguma coisa para eu fazer aqui dentro e imediatamente ela deu a ideia de fazer o cardápio e eu logo aceitei”.

A Tathiana (minha cuidadora) é essencial nesse trabalho voluntário. Agimos em dupla! “Ela pega a relação das pessoas e das comidas com a nutricionista (almoço e janta). O almoço tem a salada, a proteína, o legume, feijão com arroz sempre, o suco e a sobremesa. Na janta sempre temos a opção de uma sopa. De acordo com o cardápio, a Tathiana me passa o nome do residente e o que ele pode comer (dieta líquida, pastosa, branda, semi-líquida, normal) e eu com o cardápio na mão vou passando para ela as opções de cada morador. É também uma maneira de conversar com todos. No fim dessa rotina, a Tathiana leva as anotações para a cozinha e a nutricionista cuida do restante. Isso me faz muito bem. Já estou querendo mais trabalho!”, brinca.

Sei que minha atividade voluntária também faz muito bem para outros residentes. Tem uma médica, por exemplo, que é moradora daqui que quer que eu vá pessoalmente ajudar a escolher o cardápio, preferindo a minha ajuda do que a da cuidadora.

“O Froien Farain é uma família. Sou judia e a maioria dos moradores do Bem Estar é de judeus. Também são aceitos residentes de outras religiões. Gosto também por causa dos cuidados com a alimentação kasher e o preparo de receitas típicas”.

Ela ainda relata: “além de todo carinho e cuidado da equipe, ainda existe a comodidade. Aqui você tem quem lave sua roupa, faça sua comida, troque sua roupa de cama. É um local excelente para quem precisa de ajuda ou se sente só. Não posso me queixar. Ainda posso decorar meu quarto com as histórias da minha família e recordações de minhas viagens. Tenho força de vontade para continuar vivendo. Para os que têm dúvida entre vir ou não morar no lar, meu conselho é que realmente venham fazer parte dessa família”.