Os dias mais frios chegaram e uma série de problemas de saúde costumam aparecer junto com a estação. E quando se trata de pessoas idosas, os cuidados devem ser redobrados, para que até um simples resfriado não evolua para uma pneumonia.
A gerontóloga Advá Griner, do Lar Bem Estar, casa geriátrica gerida pelo Froien Farain, explica que é preciso ficar atento à saúde do idoso para os dias mais frios que se aproximam. “No inverno, a atenção deve ser redobrada. Devido às baixas temperaturas, alguns problemas de saúde e até lesões podem ocorrer”, destaca.
Abaixo, ela dá algumas informações importantes para manter a saúde do idoso nesse período.
Para evitar as famosas “dores nas juntas”
As baixas temperaturas fazem os músculos contraírem, o que pode causar dores nas articulações e aumentar as dores crônicas como artrites e artroses. O tecido muscular fica mais tenso e a substância que lubrifica as articulações, mais espessa. Apesar das dores e do frio, é importante se manter ativo. A prática de atividades físicas é o melhor modo de amenizar o desconforto e de se aquecer também, além de aliviar as dores. Busquem fazer caminhadas indoor ou alongamento com orientação de professores de educação física ou fisioterapeutas;
Pele menos frágil
A pele precisa ser tratada de forma cuidadosa. O uso de cremes e hidratantes tópicos diminui a sensação e o aspecto de pele seca e evita o surgimento de doenças dermatológicas. As queimaduras pelo frio também devem ser evitadas. Ao primeiro sinal de vermelhidão ou dor em qualquer área da pele, saia do frio e proteja a pele exposta. Essas lesões atingem mais frequentemente o nariz, orelhas, bochechas, queixo, dedos das mãos e dos pés;
Vias aéreas saudáveis
As doenças respiratórias são mais comuns no inverno. Resfriado, gripe, rinite e sinusite. Sintomas como dor intensa no corpo, tosse, dor de garganta, cansaço ou febre alta devem ser considerados um alerta e é importante se consultar com o seu médico. As vacinas contra gripe e pneumonias estão no calendário anual e são consideradas a forma mais efetiva de prevenir estas doenças e suas complicações. Por isso devem ser tomadas. Também é importante estar atento ao coronavírus. Mesmo que o idoso já tenha se vacinado, é importante manter as recomendações de higiene e distanciamento social;
Circulação em dia
Na tentativa de reter o calor no organismo, os vasos se contraem. Esse fenômeno faz com que determinadas regiões do corpo sejam menos irrigadas, principalmente as extremidades. É a alteração na circulação sanguínea, inclusive, que contribui para a percepção de dores nas articulações quando o clima esfria. A falta de oxigenação pode até deixar as pontas dos dedos arroxeadas e sensíveis à dor.
No caso dos idosos, a atenção precisa ser redobrada. Esse grupo apresenta habilidade reduzida de reter o calor, porque a vasoconstrição reacional ao frio está prejudicada. Além disso, nos idosos, as estratégias de gerar calor próprio são menos intensas e eles já possuem uma redução da sensibilidade térmica da pele. Esse conjunto de fenômenos faz com que se inicie uma resposta tardia ao estímulo de frio e torne-os mais suscetíveis à hipotermia, ou seja, à temperatura corporal excessivamente baixa.
O idoso pode não se perceber nesta situação, não fazendo nada para a corrigir o quadro, o que pode acabar evoluindo até um grau de hipotermia mais grave. É importante mantê-lo bem agasalhado e não esquecer das extremidades, como mãos e pés, e usar um gorro ou chapéu na cabeça. O uso de mantas e xales também auxilia a manter a temperatura corporal aquecida. Mas é importante estar atento, já que a sobreposição de roupas pode aumentar a transpiração e o risco de desidratação é muito alto nos idosos;
Digestão equilibrada
Esse sistema também precisa de atenção no inverno. No frio, a gente se movimenta menos e isso prejudica a mobilidade intestinal. Para cuidar do funcionamento intestinal, alimentos que contenham fibras precisam fazer parte da alimentação habitual dos idosos. A hidratação também é importante para que o organismo funcione como um todo e de forma correta.
Os idosos costumam tomar menos água porque a sensação de sede é reduzida. No frio, essa sensação e a ingestão de líquidos fica ainda mais prejudicada. Uma boa alternativa para otimizar a ingestão de líquidos é tomar pequenas doses, várias vezes ao dia. Também é interessante lembrar que os líquidos podem ser completados em forma de vitaminas, sucos, caldos e chás. Além disso, as refeições também podem ser utilizadas para aquecer o corpo. Nesse caso, as sopas e os caldos quentes são uma boa alternativa para os dias mais frios. Apenas tome cuidado para não ingerir bebidas extremamente quentes, pois isso pode causar problemas no sistema digestivo.
Cuidados gerais de bem-estar
Diante da fragilidade dos idosos ao frio, é importante manter um acompanhamento médico regular. As doenças crônicas, como diabetes e hipertensão, precisam permanecer compensadas e a geriatra será capaz de prever outros riscos e demandas. Importante manter-se agasalhado e aquecido e evitar locais muito aglomerados e fechados, além de manter os ambientes sempre ventilados.
Banho
Nada melhor do que um banho quente. Mas nos dias mais frios, às vezes, pode faltar coragem, e por isso é preciso atenção. A temperatura da água deve ser amena, a fim de preservar a camada de gordura que protege a pele contra a desidratação e o ressecamento, além de evitar queimaduras. Se estiver muito frio, programe o banho para o meio do dia, quando a temperatura do ambiente costuma estar mais quente. Na hora de tomar banho, o ideal é sempre se lembrar de fechar a porta e as janelas. Bloquear a circulação de vento frio ajuda a manter a temperatura do corpo controlada.
Quedas
Este é um problema clínico e de saúde pública o ano todo. Do inverno ao verão, as quedas causam a dependência dos idosos, pois estão relacionadas a um índice elevado de incapacidade funcional e de morbimortalidade. Mas no inverno, os idosos ficam mais expostos a esse risco. Estudos apontam uma relação direta entre o aumento do número de atendimentos médicos por esse motivo e o nível da gravidade também.
Um dos motivos de uma maior concentração de queda durante os meses de frio mais intenso é o fato dos idosos suarem menos, tendendo a ir mais vezes ao banheiro durante a noite para urinar. Com isto, ficam mais expostos ao risco de quedas provocadas, normalmente, por pisos escorregadios, tapetes soltos, iluminação deficiente, camas com altura inadequada e outros obstáculos existentes pelo caminho. Além de eliminar esses riscos, o idoso deve permanecer algum tempo sentado antes de se levantar da cama ou do sofá, para que o sangue circule pelo cérebro e não cause tonturas.
Em entrevista para o noticiário local do interior de São Paulo Diário TV 1ª edição, Advá Griner fala mais a respeito do assunto. Confira abaixo: