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Setembro Violeta – A Revolução no Diagnóstico da Doença de Alzheimer

Artigos, Capacitação, Dicas do Especialista, Entrevistas

A Doença de Alzheimer (DA) deixa de ser apenas uma condição clínica para se tornar um diagnóstico biológico. Neste Setembro Violeta, trazemos a você as mais recentes e importantes atualizações da ciência que estão transformando o combate à DA. O Dr. Davis Taublib e o Dr. Jerson Laks detalham a virada histórica dos critérios diagnósticos. Entenda como essa evolução permite uma ação muito mais precoce e direcionada, décadas antes do surgimento dos sintomas.

Aqui no Lar Bem Estar, a excelência no cuidado começa com o conhecimento. É por isso que nossos especialistas, o Dr. Davis (Geriatra) e o Dr. Jerson (Psiquiatra), discutem nesta matéria a transição do diagnóstico clínico para o diagnóstico biológico da DA. Este salto na ciência permite prever e acompanhar a doença com muito mais precisão, reforçando a nossa missão de oferecer um cuidado humanizado e individualizado, sempre pautado pelo que há de mais atualizado no cuidado a pessoa idosa.

A Evolução da Ciência e o Diagnóstico Biológico

Os desafios e a nova era do diagnóstico da Doença de Alzheimer

A busca por um diagnóstico mais preciso da Doença de Alzheimer (DA) é um desafio constante, mas a ciência tem avançado rapidamente. Nas últimas décadas, houve uma grande evolução no entendimento de como a doença se desenvolve e quais são os agentes biológicos envolvidos.

O que se sabe hoje é que a patologia da DA se desenvolve anos, até décadas, antes do aparecimento do quadro clínico. Portanto, identificar esses marcadores biológicos permite não só um diagnóstico mais exato, mas também o acompanhamento da resposta a novos tratamentos que buscam modificar o curso da doença.

 

O Diagnóstico Clínico Tradicional: A Tríade Característica

Historicamente, o diagnóstico da DA era baseado na observação clínica, caracterizada pela seguinte tríade de sintomas:

  • Perda progressiva da memória.
  • Distúrbios comportamentais que variam de depressão a agitação e agressividade, com intensidade e sintomas alternados.
  • Perda progressiva da autonomia, afetando inicialmente as atividades instrumentais (finanças, vida social) e, em fases avançadas, as atividades básicas da vida diária (comer, vestir, higiene).

 

A Busca por Marcadores Biológicos para Confirmação

As pesquisas recentes se concentraram em encontrar biomarcadores para confirmar o diagnóstico com exatidão e permitir a pesquisa de tratamentos mais eficazes.

  • Neuroimagem: Houve um grande avanço, da Tomografia (TC) para a Ressonância Magnética (RM) e, mais recentemente, para a cintilografia cerebral, como o PET amiloide e PET FDG.
  • Incorporação Oficial dos Biomarcadores: Em 2011, o uso de biomarcadores começou a ser explorado para aumentar a precisão. Em 2018, eles foram incorporados definitivamente na pesquisa.
  • Atualização de 2024: Um grupo de trabalho da Alzheimer’s Association (AA) atualizou os critérios, reafirmando que o diagnóstico da DA deve ser biológico, baseado em biomarcadores. Isso significa que os sintomas não são mais estritamente necessários para o diagnóstico biológico. Além disso, os biomarcadores são recomendados para monitorar o estadiamento e a resposta ao tratamento.

 

Quais são os Biomarcadores e Onde São Encontrados?

  1. Biomarcadores no Líquor (Líquido Cefalorraquidiano – LCR)

No LCR, a DA é caracterizada pela redução do Aβ42 (Amiloide beta 42) e aumento da p-tau (Proteína Tau fosforilada).

  • A proporção Aβ42/Aβ40 demonstrou ser mais precisa que a dosagem isolada do Aβ42.
  • Recentemente, a isoforma p-tau217 foi identificada como um dos primeiros biomarcadores a se alterar, antes mesmo das alterações vistas na neuroimagem com PET Tau.
  1. Biomarcadores Plasmáticos (Sangue)

Esses marcadores representam uma grande vantagem por serem um método menos invasivo, mais viável e potencialmente mais econômico que o líquor e o PET. Eles têm potencial para agilizar a triagem de pacientes em ensaios clínicos e na prática clínica, e estão sendo gradualmente aprovados para comercialização.

 

A Realidade Brasileira e o Desafio do Acesso

No Brasil, temos disponíveis e validados o exame de biomarcadores do Líquor, a Ressonância Magnética com espectroscopia e o PET FDG. O PET Amiloide está disponível em poucos centros, e os biomarcadores plasmáticos (no sangue) ainda não estão validados para uso geral.

O país enfrenta um desafio enorme: enquanto a população idosa cresce como no mundo desenvolvido, a desigualdade social limita o acesso a esses exames. É urgente garantir que os avanços no diagnóstico cheguem a todos os pacientes, independentemente de sua condição social ou região.